![]() |
Fonte: google imagem |
Marcela era natural do Goiás, nascera em uma cidadezinha exprimida entre a rodovia e a beira cortada de uma serra. Os pais, Reginaldo e Márcia, tinham um sitiozinho onde criavam porcos, galinhas e cultivavam uma horta. O que era produzido no sítio não era muito, mas o suficiente para sobreviverem naquele lugarzinho sem muitas perspectivas de crescimento.
Ela era a irmã mais velha de uma prole de quatro irmãs, por isso fora obrigada desde cedo a aprender dar banho nas irmãzinhas, coisa que ela fazia com um misto de revolta e prazer. Além disso, tinha que fazer comida, arrumar a casa e ajudar as pequenas nas tarefas da escola. O pai e a mãe passavam o dia mexendo numa coisa e noutra. Os únicos prazeres que tinham era aquele proporcionado pelo corpo cansado do parceiro, à noite, na cama, que ficava no quarto ao lado do quarto das meninas.
A intimidade dos pais podia ser observada por uma fresta na parede de madeira que Marcela disfarçava pendurando roupas em um prego. A curiosidade pueril em saber o motivo dos gemidos da mãe progrediu para um voyeurismo obsessivo. Sua atenção voltou-se desde cedo para o corpo da mãe, que, apesar das quatro gestações, mantinha-se firme. Os seios fartos e a vulva encoberta por pelos fascinavam a garota prepurbere, que sonhava com as transformações pelas quais seu corpo passaria. Achava o pai feio. Vermelho demais em algumas partes do corpo gordo e branco demais em outras. O abdômen muito distendido lembrava a mãe grávida de muitos meses.
Quando os pais finalmente apagavam as luzes do quarto, ela ia deitar-se. Dividia a cama com Alice, a menorzinha de dois anos por quem desenvolvera uma preferência materna. Queria ter filhos, mas a ideia de ter um homem barrigudo e vermelho ao seu lado na cama, não a agradava muito. Queria ser como sua mãe, bonita, alta, magra, com seios grandes e muitos pelos na... Adormecia com esses pensamentos e tinha muitos sonhos com mulheres bonitas se despindo enquanto ela observava. Mulheres com seios de todos os tamanhos, pequeninos, médios, grandes como os da mãe. Ao acordar, lamentava-se por não ter a presença de outras mulheres mais velhas na casa para ela poder observar, comparar com a mãe. As irmãs eram todas iguais a ela. Se tivesse ao menos uma irmã mais velha, uma prima!
Foi no verão de 2007 que seu desejo se realizou. Ester, filha de um irmão de seu pai, que morava no Pará, foi passar as férias de julho no sítio do tio. Era moça já formada. A blusa decotada, deixando a mostra metade dos seios protegidos por um sutiã vermelho, não chamou a atenção apenas dos olhos do tio, que disfarçava a observação perguntando notícias sobre o irmão. Marcela mantinha os olhos fixo de curiosidade, sem nenhum disfarce. A prima, percebendo os olhares de ambos, disse com ar brincalhão abraçando a menina:
_ Eu já tive essa mesma curiosidade. Um dia você também vai ter isso, disse apalpando os seios com as mãos.
A menina sorrio alegre. O tio pigarreou e saiu ajeitando o chapéu na cabeça e dando ordens.
_ Marcela, ajeita tua prima lá na cama ao lado da sua. As outras meninas vão ter que dormir jutas numa cama.
Marcela quase delirou quando viu a prima se despindo no quarto para tomar um banho. Seus olhos exploraram o corpo inteiro. Estranhou a ausência de pelos como a mãe.
_ Você não tem! Deixou escapulir a exclamação.
A prima fechou a cara misturando com riso.
_ Não tenho o que, menina!
Tímida, a menina apontou para as genitálias de Ester.
_ Ai, igual a mãe.
Ester riu. Aproximou-se da menina.
_ Me dá aqui sua mão. Veja. Sentiu? Eu tenho, só que eu depilo, entendeu?
_ Por quê?
Ester enrolou-se na toalha, enquanto explicava as questões higiênicas da depilação.
_ Deixa eu pegar de novo!
_ Não, meu amor, não pode ficar pegando. Foi só para te mostrar como é. Cuida, vai olhar tua irmãzinha, deixa eu tomar meu banho.
À noite, quando a prima dormiu profundamente, vencida pelo cansaço da viagem, Marcela pode matar outras curiosidades sobre o corpo da prima.
A companhia da prima foi muito agradável e mudou um pouco a rotina no sítio. Ela ajudava Marcela a cuidar da casa, das meninas. Passeavam pelo sítio e tomavam banho no açude. O lugar passou a ser visitado pelos vizinhos que vinham conhecer a sobrinha do compadre. Os rapazes vinham em companhia. Conversavam na porta da casa até as nove ou dez horas quando se despediam e iam para suas casas. Marcela estava sempre grudada em Ester, esqueceu um pouco a irmãzinha. Sentia algo estranho quando a via afastando-se com algum rapaz para se despedir na hora de ir embora. Não era de bom grado quando a prima dizia:
_ Meu amor, vai lá no quarto ver se tua irmãzinha está bem. Acho que deixei a janela aberta, vai olhar.
Marcela sabia que era apenas um pretexto para ela sair de perto. Saia meio zangada e deitava-se virada para o lado oposto da cama de Ester. Quando ela voltava, muitas vezes, a garota já havia dormido remoendo-se com seus sentimentos estranhos. Porém, quando estava acordada que ouvia a porta se abrindo todo o pesar de seu coraçãozinho se dissipava. A prima dizia:
_ Ainda acordada, meu amor? Vai dormir, menina. Dava-lhe um beijinho no rosto acompanhado de uma boa noite.
Nesses momentos sua alma se inundava de alegria. Sentia-se tão leve. Tão alegre e feliz. Era como se a cama de repente começasse a flutuar em um rio de águas bem tranquilas. Ela podia até ouvir o barulho das pequenas correntezas. E o rio descendo, descendo, e ela flutuando, flutuando...
Quando a prima foi embora, foi um desconsolo. A menina entrou mesmo em depressão. Os pais acharam que fosse alguma doença. Levaram-na a um hospital da cidade próxima, no entanto o médico nada descobriu.
_ Isso é coisa da idade, mesmo. Vai ver é uma paixonite por algum garoto da escola. Converse com ela, mãe.
A mãe prometeu-lhe umas lapadas se inventasse de namorar naquela idade.
_ Onde é que já se viu? Fazer a gente gastar dinheiro por causa de bobagem! Era só o que me faltava!
A menina se retraiu. Resignou-se a cuidar mecanicamente das irmãs. Os pais deram o caso por encerrado, tanto foi que nem notaram que a menina perdia peso.
Dois meses depois, apareceu pelo sítio um homem bem vestido. Dizia-se representante de uma empresa no ramo do agronegócio que estava adquirindo terras na região para plantar milho e soja. Pediu para botarem preço no sítio que eles comprariam.
Reginaldo pediu um tempo para pensar. O homem disse que voltaria na próxima semana.
O lugar virou um alvoroço! Todos os pequenos proprietários sonhavam pegar uma bolada de dinheiro, mudar para o Norte, comprar uma terra grande para criar gado. Virar fazendeiro.
O pai de Marcela telefonou para o irmão que morava no sudeste do Pará, pediu-lhe uma opinião. O irmão foi favorável a venda.
_ Ponha preço bom na terra, homem. Esse povo anda é lavando dinheiro desviado nas falcatruas da política. Pode botar o dobro do preço que eles pagam. Nada, nada, esse teu sitiozinho ai se transforma em cinquenta alqueires de terra aqui. E tua ainda compra um gadim pra começar.
Reginaldo decidiu. Vendera a terra como o irmão havia aconselhado.
Ao saber que iriam morar na mesma cidade que a prima Ester, Marcela voltou à vida.
Foram dois meses até a transação se completar, arrumarem as coisas e subir o mapa rumo ao sudeste paraense. Morar em uma cidade de beira de estrada e virar fazendeiro.
A empolgação de Marcela não durou muito, pois ao chegarem à cidade de destino, encontrou a prima grávida de um namorado com quem estava agora morando junto.
Reginaldo, depois de sofrer com a poaca no verão, lama e atoleiros no inverno, descobriu que vida de pequeno fazendeiro naquela região tão conflituosa estava longe de ser o sonho que muitos visualizaram. Comprou, sem saber, uma terra grilada. Quando os trabalhadores rurais fizeram acampamento do lado de fora de sua cerca, foi que descobriu serem falsos todos os documentos que o antigo proprietário lhe passou. O caso foi se arrastar na justiça. Ele teve que se virar para não passar fome com a família.
A menina cresceu sufocando os sentimentos que tivera pela prima. Já adolescente foi que compreendeu que sentimentos eram aqueles. Quem lhe fez entender foi Marina, uma amiga da escola, com quem manteve um namoro, escondido de todos, por dois anos. Até que os pais de Marina descobriram o caso. Fizeram duras ameaças a Marcela. Ameaçaram contar tudo para os pais dela e fazer um escândalo na rua.
Marina, chorando, despediu-se. Disse que iria embora para São Paula. Ia morar com a avô e fazer faculdade.
Marcela ficou isolada e calada como da vez lá no sítio.
Foi por esse tempo que os vizinhos morreram em um acidente deixando uma filha três anos mais velha que Marcela e dois filhos gêmeos de sete anos de idade. Quando Marcela soube a vizinha órfã decidira ficar morando na casa e tomando conta dos irmãos e que estava precisando de alguém para ajudar cuidar das crianças.
As coisas foram arranjadas. E, como já sabemos, Marcela tornou-se cada vez mais intima de Rebeca.
***
_ Você não está, bem - dizia enquanto acarinhava os cabelos da amiga – se quiser eu posso dormir hoje novamente com você.
Nenhum comentário:
Postar um comentário